sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Roberta e Arthur

Querida B,
Todos são programados para se adaptar a toda situação. Por mais que a situação seja boa, sempre perde a graça quando nos acostumamos. O legal da vida é a surpresa. Quando menos se espera, a vida te derruba. Onde menos se espera, você encontra uma base pra viver. E eu encontrei ótimas bases, ótimas surpresas. Minhas manhãs de sábado sempre foram sonolentas e tediosas até eles aparecerem. Minha amiga, meu sol, minha luz. Cada manhã de sábado com ela foi incrível, foi divertida. Ela me apoiou, me alegrou, riu comigo, esteve sempre que precisei. Ela foi uma parte do tempero que faltava naquele lugar. A outra parte foi por conta do meu jogador de volei preferido. Mesmo sem conhecer a muito tempo, eu gosto do jeito que ele fala, da inteligencia dele, gosto dele inteiro. Gostei de cada sorriso compartilhado, de cada abraço, da caixa de bis que a gente ganhou, de tudo que fizemos. Mas, infelizmente todo ciclo tem fim. Como diria o grande poeta Mario Quintana, "quando se vê, já é sexta feira.. quando se vê, já terminou o ano..". Mas eu aproveitei bastante, sorri bastante, gostei bastante. Só não vou fechar esse ciclo sem dizer o quanto eu amo eles, o quanto eu gosto de estar acompanhada deles. Mas o fim de um ciclo significa o começo de outro. Vou rezar muito pro Deus que fez a gente se encontrar pela primeira vez. Vou rezar pra que continuemos nos vendo, rezar para que continuemos amigos. Rezar para que eu tenha sábados, segundas, domingos, quintas, todos os dias ensolarados e com eles. Rezar para que mesmo se a pequena distancia existente nessa cidade nos separar, o coração continue tão unido quanto está agora.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E o futuro

Querida B,
Alguns anos atrás, nesse mesmo dia talvez, ou em qualquer outro dia do ano, eu estava fazendo planos. Sonhando com o futuro, com o quanto eu iria crescer naquele ano. Via meus primos na sétima série, e pensava como seria quando chegasse eu lá. E seria incrível, futuro perfeito. E eu teria um corpo bonito, seria bonita. Faria diferença na vida de quem se aproximasse, me apaixonaria loucamente. Continuaria com aquele grupo de amigos, mas ele teria aumentado.Dançaria na chuva, brincaria em poças d'água. Seria conhecida em toda a escola por nunca esquecer de ninguém. Alguns anos depois eu seria comprometida. Teria um namorado legal, bonito e apaixonante. Escreveria muitos textos, talvez até um livro. Ajudaria crianças carentes, lá pelos 14 ou 15 anos. Seria uma jogadora de volei suficientemente boa, e fecharia meu bimestre de português e a bimestral de redação. Teria lido muitos livros, me apaixonaria por escritores incríveis, encontraria minha diva da música black em um grande show. E cada segundo que chegava era futuro. Cada segundo que vem é futuro. E os planos foram ótimos, a realidade ainda melhor. E eu realmente continuei com meus bons e velhos amigos, fechei minha bimestral de redação, escrevi muitos textos. Não achei um namorado muito legal, não fui uma namorada muito legal. Terminei, continuei contente. Brinquei muito na chuva, dancei com gente que eu não conhecia, gritei só pra ser feliz. Ajudei crianças carentes, vesti roupa de Mamãe Noel, cuidei de um amigo igual uma mamãe de verdade. Tirei muitas fotos, ainda vou tirar muitas outras. Sonhei com a carta que vou escrever quando eu tiver um filho. Sonhei com meu vestido de noiva, com minha festa de noivado, com todos os anos que virão. No momento estou sonhando em formar uma corrente grande o suficiente para mudar o mundo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Autosuficiente na medida

(Qualquer referência ao amor/paixão no texto a seguir se dirge a relacionamentos entre casais.Para o amor de família e amigos talvez não se apliquem os mesmos pensamentos)


Querida B,
Não sei porque falar de paixão. Não há regras reais dizendo que devemos amar alguém. Só há uma falsa visão da sociedade, falando que se formarmos um casal seremos felizes. Uma visão bem falha, em minha opinião, de que só somos completos com a outra metade da laranja. Poderia comparar a paixão a uma armadilha ou teia de aranha, na qual todos podem se prender. Mas, talvez, estaria tentando me enganar. Claro que todos podem se apaixonar, mas ninguém tem que ficar preso a uma paixão. E quem realmente ama sabe o valor da liberdade. Quem realmente ama não quer prender de forma alguma o seu objeto amado, pois sabe que o laço que prende um amor real é bem maior que qualquer armadilha ou teia de aranha. Mesmo com toda imensidão de uma paixão ou amor verdadeiro, podemos viver sem ela. Somos uma laranja inteira, podemos quebrar falsas regras socias e sorrirmos desacompanhados. Podemos ser solteiros felizes e bem sucedidos. Afinal, a felicidade nunca esteve nos outros, está em nós mesmos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

cousin

Querida B,
Nossa passagem pela vida é pequena demais para vivermos sós. Por isso gosto de cultivar amizades, de plantar confiança nas pessoas, colher afeto, companheirismo. Mas nenhuma amizade é maior do que aquela criada em casa, desde o nascimento, a família. No meu caso, em especial, um primo. Ele aparece em minha mais remota lembrança. Aparece sorrindo, um sorriso encantador. Costumava ser do meu tamanho, mas eu cresci demais. Agora ele é baixinho, meu baixinho. Muitas vezes foi o sorriso dele que me alegrou. Sua companhia me tirava o medo do escuro nas noites chuvosas. Seu abraço pequeno e extremamente aconchegante, me acolheu quando precisei. Eu o amo em cada parte. Amo quando ele joga o cabelo para o lado de forma irritante. Amo nossas conversas. Amo seu genio forte e a opinião inflexível. E até aguento ele me chamar de lerda ou imitar uma falsa moda de me chamar de Júlia Ana, nem ligo porque o amo. E sei que o nosso laço familiar, a nossa infância juntos e esse grande amor superam qualquer tipo de amizade superficial.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

e a verdade




Querida B,

Eu queria mais caras limpas. Queria menos máscaras, menos maquiagem, menos fingimento. Queria que a liberdade de expressão não causasse tantos danos a quem a usa. Queria conseguir me colocar no lugar de todo mundo, queria que todos tivessem um lugar ao sol. Queria muito que as pessoas parassem de julgar umas as outras. Queria dizer tudo que penso, sem me preocupar com quem ouve, queria ter coragem para isso. Mas agora eu vejo como querer está longe de poder. Não sei se quem diz o que pensa é feliz. Não acredito que ninguém seja cem por cento verdadeiro, nem cem por cento falso. Mas não quero usar uma máscara. Não quero fingir que está tudo bem só para que todos me aceitem. Mas quanto custará a verdade? Quanto custará mostrar o que sente? O mundo é dos espertos, mas o que é ser esperto? Ninguém é totalmente o que pensamos, não conhecemos nem nós mesmos, não podemos julgar o outro. Não aconselho mentir, nunca. Mas prepare-se o peso de umamáscara pode ser bem menor do que o de uma verdade. Mesmo assim, o peso da verdade ainda é o que nos fortalece.